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Ato lembra os 56 anos da morte de Carlos Marighella


Militantes de direitos humanos homenagearam nesta terça-feira (4) o político, escritor e guerrilheiro Carlos Marighella, em um ato na capital paulista. O grupo se reuniu na Alameda Casa Branca, 800, endereço onde ficava o imóvel onde ele foi executado, há 56 anos, por agentes da ditadura, nesta data, em 1969, um ano após ser decretado o AI-5, pelo então presidente da República, general Artur da Costa e Silva, que suspendeu direitos civis e políticos no país.

Nascido em 1948, o filho único do guerrilheiro, Carlos Augusto Marighella compareceu ao ato e, em seu discurso, expressou sua admiração por uma das esposas de seu pai, a também militante Clara Charf, líder importante entre as mulheres. 

Para ele, a convivência com Clara, que se iniciou quando tinha por volta de 7 anos de idade, “foi um presente, em virtude das coisas incríveis que ela fazia e dizia”. 

“Eu nunca percebi em Clara uma única hesitação diante daquele mundo que ela queria construir, aquela política que achava necessária para construí-lo”, observou. 

Clara Charf morreu na segunda-feira (3), já centenária, de causas naturais. 

“É sempre um momento importante [a manifestação], porque meu pai foi assassinado covardemente, aqui nesta rua. Mas o fato é que ninguém se lembra mais dos criminosos que o mataram”, declarou Carlinhos, como também é conhecido, sobre a manifestação anual, de recordação do legado de seu pai.

“O que a gente sabe é que o Marighella está vivo, mobilizando a juventude, nos encantando a todos. Para fazer uma sociedade melhor, a gente precisa muito mais de Carlos Marighella e gente como ele para inspirar nossa juventude. Eu já fiz muita coisa, abracei essa luta, perdi essa bandeira, fui preso, perseguido, como muitos que estão aqui. Mas agora isso está na mão de gente como vocês, com seu celular, sua caneta, sua inteligência, sua vontade”, acrescentou.

Outro dos opositores que exerceram pressão pelo fim das arbitrariedades e violações de direitos cometidas no período da ditadura, Maurice Politi, do Núcleo de Preservação da Memória Política, ou Núcleo Memória, afirmou que Carlos Marighella foi “um dos maiores guerreiros do povo brasileiro”. 

“Lutou pela libertação deste país, por um país melhor, sem desigualdade, um país socialista. Marighella caiu neste lugar, foi assassinado barbaramente”, pontuou o ex-preso político e cofundador e primeiro diretor da entidade.  

Carlos Marighella

Registros do Memorial da Resistência, entidade da capital que preserva a memória de pessoas que contestaram as forças repressivas do período, lembram que Marighella chegou a ser considerado o inimigo número um da ditadura. 

Em 1946, o baiano havia conquistado o cargo de deputado federal, com um dos mais expressivos eleitorados, mas teve seu mandato cassado por decisão do então presidente Eurico Gaspar Dutra. A ordem se estendia a todos os filiados a partidos de vertente comunista, como era o caso de Marighella, do Partido Comunista Brasleiro (PCB).

Em 1952, passou a integrar a Comissão Executiva do Comitê Central do PCB e, no ano seguinte, foi enviado à China. 

A primeira vez que torturaram Marighella, que resistiu a duas fases de autoritarismo, a de Getúlio Vargas e a da ditadura instaurada com o golpe que depôs o presidente João Goulart, foi em 1936, quando tinha 24 anos de idade e teve seus pés queimados por maçarico. Permaneceu um ano preso, até que recebeu anistia. 

Sua primeira detenção ocorreu 4 anos antes, ocasião em que incomodou os poderosos por criticar Juracy Magalhães, interventor de Getúlio e o primeiro presidente da Petrobras.

Viveu na clandestinidade, sendo localizado por policiais, em 1964, em um cinema no bairro da Tijuca, no Rio de Janeiro. Os agentes atiraram contra ele, à queima-roupa. 

Em julho de 1968, anunciou a Ação Libertadora Nacional (ALN), de resistência armada contra a ditadura. Em 1969, Marighella foi assassinado por policiais do DOPS/SP, que armaram uma emboscada, após descobrirem sua ligação com a ordem religiosa dos dominicanos. Ele morreu indefeso, com pelo menos quatro balas.

Censura

O governo de Jair Bolsonaro, alinhado à extrema-direita, impôs censura ao filme Marighella, dirigido por Wagner Moura e estrelado por Seu Jorge. O longa-metragem entrou no circuito brasileiro somente na data de aniversário do revolucionário, em 2021, bem depois de já ter sido exibido em festivais importantes, como o de Berlim. Naquele ano, a equipe de produção afirmou à imprensa que a diretoria da Agência Nacional de Cinema (Ancine), que havia sido nomeada por Bolsonaro e substituído a anterior, de fato foi responsável por atrasar a exibição da obra nas salas de cinema brasileiras.



Fonte: Agência Brasil

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