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Do Litoral ao Sertão, artesanato alagoano costura desenvolvimento e identidade em Alagoas – AMA


Seminário do Sebrae percorre Arapiraca, Delmiro Gouveia e Maceió levando aprendizado e valorização cultural para artesãos

Mais que técnica, talento e identidade, o artesanato é força de transformação social e econômica para, pelo menos, 18 mil famílias em Alagoas, que mantêm viva a tradição e a cultura local. Reafirmando seu compromisso com o desenvolvimento da economia criativa, o Sebrae Alagoas está levando o Seminário “Desenvolvimento Territorial pelo Artesanato” aos profissionais do setor do Agreste, Sertão e Litoral alagoano. O primeiro evento aconteceu em Arapiraca na terça (14) e em Delmiro Gouveia na quarta-feira, tendo sua finalização no dia 16 em Maceió.

O encontro impacta a vida de artesãos como Rafael Palmeira, de Arapiraca, que ressignificou a herança da avó bordadeira em joias e objetos decorativos confeccionados em mosaico. “Sou estilista e após passar 20 anos trabalhando com moda no Rio de Janeiro, voltei para Arapiraca decidido que não trabalharia mais com costuras. O mosaico surgiu após eu ganhar um quadro em tapeçaria feito por minha avó, que morreu há mais de 30 anos. A partir dele, comecei a cortar e fragmentar as pastilhas de vidro e montá-las como se fosse ponto cruz. Quando conheci o Sebrae, aprendi a ter um olhar mais técnico, de acreditar que o que eu faço é arte, mas também é negócio. É isso que o Sebrae ensina para todos os artesãos, a ter um olhar de negócio, mostrando e auxiliando como a gente pode prosperar fazendo o que ama”, conta.

Entre o território e a identidade

O seminário é uma ação do Programa do Artesanato do Sebrae Alagoas, que tem como gestora a analista Marina Gatto, e faz parte da estratégia para atender as demandas e desafios dos artesãos alagoanos para ampliar a mentalidade empreendedora e conectar a produção artesanal à valorização dos territórios.

“Quando a gente fala de artesanato, a gente sempre fala de território, do local onde o artesão vive, e que o artesanato não é apenas um produto, é história, cultura e a própria identidade do artesão. Nosso objetivo é que eles se enxerguem como protagonistas do desenvolvimento do seu território e do seu estado”, destaca Marina.

Marina Gatto destaca o artesanato como expressão da identidade e motor do desenvolvimento dos territórios. Foto: Julio Vasconcelos

Por conta disso, o Sebrae trabalha ativamente para fortalecer o segmento e ampliar sua representatividade, que, segundo Marina, é muito maior que a estimativa de 18 mil artesãos, uma vez que o ofício costuma agregar e se tornar identidade de família. “Hoje vemos muitos filhos e outros familiares também se dedicando ao artesanato ou mesmo assumindo papéis na gestão, no marketing digital e no fortalecimento das vendas. É um movimento que multiplica o impacto social e econômico da atividade”, acrescenta.

O empenho no fortalecimento da cadeia produtiva acontece de forma integrada em todas as regiões de Alagoas e abrange desde a capacitação técnica até a inserção em novos mercados, como explica a analista Susylane Santos, que acompanha os artesãos em Arapiraca e região.

“Nosso trabalho é apoiar o artesão em todas as etapas do negócio, desde a formalização até as vendas e posicionamento no mercado. Este seminário é um momento único para esses artesãos porque o palestrante Júlio Ledo encanta e apresenta, de forma clara e envolvente, temas como valorização da marca, venda de produtos e identidade territorial, mostrando que, além da técnica, o artesanato é também expressão da cultura, história e pertencimento”, explica.

Entre o território e a identidade

Com um nome reconhecido nacionalmente no circuito do artesanato, o consultor, pesquisador, professor e palestrante Júlio Ledo foi o responsável por ministrar o seminário. Em Arapiraca, ele apresentou casos de artesãos que ele acompanhou que conseguiram transformar suas trajetórias por meio do aprendizado em design, gestão, inovação e storytelling, que ele apresentou como ferramentas que ampliam o alcance e a valorização dos produtos no mercado.

O consultor destacou a importância de os artesãos enxergarem o próprio trabalho como um negócio sustentável e diversificado. Ele comparou a produção artesanal a outros setores, como o transporte, mostrando que é possível criar várias fontes de receita além do produto principal.

Do talento à transformação: artesãos alagoanos mostram que tradição e criatividade também geram renda e futuro. Foto: Julio Vasconcelos

“O artesão precisa entender que seu trabalho é um negócio. É preciso diversificar as fontes de renda, valorizar o próprio fazer o cobrar pelo se se sabe, porque cada peça carrega a história e a identidade de quem a criou. Além disso, muitas vezes é necessário fazer um esforço para mostrar ao cliente porque a sua peça artesanal tem mais valor do que uma peça comprada na indústria, que é feita em larga escala com materiais muitas vezes inferiores”, afirma.

A série de encontros segue nesta quarta (15) em Delmiro Gouveia e na quinta (16), em Maceió, reunindo artesãos do Sertão e do Litoral em uma jornada de saberes, inspirações e possibilidades de futuro para o artesanato alagoano.



Fonte: AMA

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